quarta-feira, 27 de maio de 2015

Uma Máfia chamada FIFA

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Justiça norte-americana acusa 14 pessoas de corrupção, entre elas nove actuais e antigos dirigentes da FIFA e cinco executivos de empresas de promoção de eventos desportivos. 


Joseph Blatter, que ocupa a presidência da FIFA desde 1998, candidata-se a um quinto mandato consecutivo na sexta-feira. E, como é habitual, é o grande favorito.


Na lista dos acusados e a maioria está envolvida nas organizações Concacaf, a confederação de associações de futebol da América do Norte, Central e Caraíbas, e na Conmebol, da América do Sul.


Está também em causa alegadas redes de lavagem de dinheiro nas organizações dos campeonatos do mundo na Rússia e Qatar.


As suspeitas de corrupção apontam para que representantes de empresas de desporto tenham estado envolvidos em esquemas de pagamento a responsáveis do futebol, que incluem delegados e outros funcionários da FIFA. Os montantes em causa ascendem a mais de 150 milhões de dólares.


Apesar disto tudo, o presidente da FIFA, Joseph Blatter, continua sereno e acima de qualquer suspeita (por enquanto), mas será possível não estar envolvido quando muitos dos seus directos colaboradores o estão?

Há pelo menos 20 anos que se suspeita de corrupção na FIFA.




Reposição de um artigo deste blogue de 18 de agosto de 2011:

http://octopedia.blogspot.pt/2011/08/fifa-mafia.html



A FIFA , Federação Internacional de Futebol, possui mais membros (208)  do que a  ONU (192), e tem a sua sede em Zurich, na Suíssa, onde tem o estatuto de utilidade pública, o que lhe permite ter enormes privilégios fiscais.


 

Entre 2007 e 2010 pagou apenas 3,1 milhões de francos suíços de impostos quando se fosse considerada uma empresa teria pago 180 milhões.

 

Só no ano passado, a FIFA distribuiu 50 milhões de francos suíços aos seus dirigentes o que para uma organização considerada de utilidade pública não deixa de ser ridículo

 

Durante o último mundial na África do Sul, a FIFA ficou isenta de impostos, pelo governo sul africano, por já pagar impostos na Suíça

 

Durante esse mesmo mundial na África do Sul, a FIFA realizou 2,35 mil milhões de francos suíços enquanto esse país teve perdas de 3 mil milhões.



Estas são alguns exemplos e privilégios da FIFA onde reina a corrupção a todos os níveis, seja para a eleição do seu presidente ou para a atribuição da Copa do Mundo, tudo funciona com subornos.



Subornos


O jornalista de investigação (ainda existem) britânico Andrew Jennings realizou um documentário onde revela que a FIFA funciona internamente como uma verdadeira máfia.


Tudo começou com a falência da empresa ISL de Zurich, encarregue pela FIFA dos direitos de marketing e transmissão televisiva dos mundiais de 2002 a 2006. Durante a auditoria, constatou-se que altos funcionários da FIFA tinham recebido dinheiro em contas no estrangeiro.


Durante esse período, dá-se um incidente: um montante que deveria ter sido depositado num paraíso fiscal vai parar directamente nas contas da própria FIFA. O caso é abafado ao mais alto nível, isto é, pelo tribunal de Lausana que impõe o segredo sobre os montantes e a identidade dos corruptos.


Durante o inquérito, o jornalista descobre que esse dinheiro destinava-se ao antigo presidente da FIFA, Joao Havelange e a Jean-Marie Weber, vice presidente da ISL, amigo íntimo do actual presidente da FIFA.


Muitas empresas multinacionais recorriam à ISL, que detinha a exclusividade publicitária, para verem a sua marca aparecer ao lado do logótipo da FIFA. Como contrapartida, essas empresas pagavam avultadas somas como suborno. Assim, Joao Havalange terá recebido 250 000 francos suíços



Manipulação eleitoral


O sistema eleitoral para a eleição do presidente da FIFA parece dos mais democráticos: um país, um voto. Na realidade, tudo é feito para subornar os votantes, como é o caso do presidente da CONCACAF que representa os votos do continente da América do Norte, América Central e Caraíbas. Nada mais, nada menos do que 35 votos dos 208 possíveis.


O presidente da CONCACAF é Jack Warner e esta confederação terá recebido várias dezenas de milhões de euros da FIFA para influenciar as votações. Além disso, Jack Warner é dono de uma agência de viagens, a Simpaul, que tem a exclusividade da venda de bilhetes para os mundiais dessa confederação em Trindade e Tobago.


Em 1984 e 1986, para a realização do campeonato sub-20 da CONCACAF, a construção dos estádios esteve a cargo de um dos filhos de Jack Warner e o serviço de restauração entregue a outros dos seus filhos.


Na FIFA tudo fica em família. Philipe Blatter, filho de Joseph Blatter, recebeu 50% dos direitos televisivos do último mundial. Para manter o alto estilo de vida com que vive e se deslocam os altos dirigentes da FIFA, até os bilhetes que sobram são vendidos discretamente no mercado negro a um preço proibitivo.



Corrupção


Na FIFA não existe contestação, todos veneram o seu presidente. Como numa máfia, esta organização vive do tráfico de bilhetes, subornos e corrupção. A rede está bem montada.


Jack Warner, por exemplo recebeu graciosamente no último mundial, da parte da FIFA, 6000 bilhetes: benefício 1 milhão de euros.


Nicolas Leoz, presidente da confederação sul americana, o único identificado em vários subornos recebidos nas suas contas em paraísos fiscais, nos anos 90, continua como membro executivo da FIFA.


A FIFA decretou, no último, a proibição da venda de qualquer alimento, por parte dos habitantes dos bairros pobres sul africanos, perto dos estádios para não prejudicar o seu principal sponsor, Mc Donald.


Não existe qualquer documento que permita saber quanto ganha Joseph Blatter, quando é possível saber quanto ganha qualquer político ou chefe de estado.


A atribuição do mundial à África do Sul só foi possível porque o continente africano (50 votos) tinha participado na eleição do padrinho da máfia da FIFA, era a contrapartida. 




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domingo, 10 de maio de 2015

O negócio das próteses

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Imagine um médico que faz uma cirurgia em que coloca uma prótese sem necessidade, só para ganhar uma comissão sobre o preço desse implante. Ficção? Infelizmente pode tratar-se de uma realidade.




O mercado das próteses movimenta anualmente milhões de euros em todo o mundo. Em ortopedia, elas têm várias finalidades, desde simples parafusos para corrigir uma fractura, até próteses mais complexas, como a prótese total da anca.

Esta última cirurgia ronda em média 10 000 euros.
 


Durante um congresso internacional de ortopedia, onde os fabricantes de próteses expõem os seus produtos, uma televisão brasileira investigou porque é que alguns fabricantes conquistam a confiança dos médicos. Esta confiança não assenta só na qualidade do produto, mas sim nas vantagens monetárias que esses médico podem receber.
 


Este dialogo passa-se no Brasil, mas podia passar-se (e passa-se igualmente) em Portugal:

- Um fabricante consegue chegar aos 20%, diz um representante de fabricante de próteses.

- 20%? questiona o repórter.

- Sim, é a média que está aí no mercado.

- Mas do que se trata esses 20%?

- É o valor que irá receber o médico que colocar uma das nossas próteses, e o pagamento é em dinheiro vivo!



Alguns médicos que praticam este tipo de esquema chegam a receber no fim do mês o equivalente ao seu salário, não admira que seja tentador. Este tipo de cirurgias muitas vezes são praticadas sem que sejam verdadeiramente necessárias e muitas vezes a escolha desses próteses recaí, não na qualidade, mas sim nas mais caras onde obtêm um maior lucro.



A oferta de presentes e comissões a médicos é uma prática comum e os vários inquérito nunca dão resultado, porque são difíceis de provar e porque existe um lobby médico muito potente.