quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Portugal na rota do tráfico de seres humanos

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Calcula-se que há 27 milhões de seres humanos tratados como escravos. Há mais escravos nos dias de hoje do que o número total de pessoas que alimentaram o tráfico negreiro durante quatro séculos.


O tráfico de seres humanos movimenta milhões de euros e é tão lucrativo como o tráfico de droga. Portugal é um dos destinos, mas também ponto de passagem.




Angola: 
Portugal é o principal destino, sobretudo de mulheres.

Brasil:
Existe um grande número de mulheres (em especial da região de Goiás) que alimentam as redes de prostituição em Portugal, mas o nosso país também serve de ponto de passagem para fornecer países europeus.

Letónia:
Neste caso, Portugal é um país fornecedor de mulheres para exploração sexual. Este mercado também é alimentado pela Bélgica.

Moçambique:
Adultos traficados para Portugal para exploração sexual e trabalhos forçados.
 
Moldávia:
Portugal é um dos números destinos de mulheres e raparigas traficadas para exploração sexual.

Roménia:
Portugal é um dos destinos de mulheres para exploração sexual, mas também de homens e crianças para trabalhos forçados.

Ucrânia:
Portugal é um dos destinos de mulheres, mas também de crianças para a mendicidade, de adolescentes para exploração sexual e de servidão sobretudo nas explorações agrícolas.




A maioria das vítimas de tráfico de seres humanos são do sexo feminino: mulheres 66% e raparigas 13%, os restantes são homens 12% e rapazes 9%. Em Portugal o tráfico de menores tem vindo a aumentar de cerca de 14% para 22% entre 2003 e 2006.


Os relatórios mundiais confirmam que as rotas predominantes em Portugal são a rota africana, a rota brasileira e a rota intra UE, sendo a exploração sexual o principal fim e a via aérea a mais utilizada.






Trabalho escravo:

Organizações mafiosas recrutam pessoas em países pobres com a promessa de emprego. Quando chegam aos países de destino, as máfias locais ficam com os seus documentos e obrigam-nos a trabalhar em condições miseráveis e ficam-lhes com grande parte do que ganham com o pretexto de pagarem a dívida da viagem e o alojamento. Nunca chegarão a pagar tal dívida, mas sem documentos, em situação ilegal e muitas vezes sem conhecer a língua local, não apresentam queixa às autoridades.
Portugal é um dos países onde as máfias traficam pessoas oriundas da ex-URSS, mas também serve de plataforma para  o tráfico para outros países.




Tráfico de crianças:
Calcula-se que cerca de mais de 8 milhões de crianças são exploradas por redes de prostituição e escravatura. Muitas das crianças são mortas em práticas sexuais, sobretudo nos países ocidentais. Mais de 246 milhões de crianças, das quais 73 milhões com menos de 10 anos, são usadas em todo o tipo de trabalho.







Tráfico de mulheres:
Além da promessa de trabalho, muitas mulheres são pura e simplesmente raptadas peles redes organizadas de prostituição. Em Portugal o número de mulheres vítimas de tráfico sexual tem vindo a aumentar, oriundas da Rússia, da Ucrânia, da Moldávia e da América do sul. Calcula-se que cerca de 100 000 mulheres brasileiras sejam exploradas sexualmente em toda a União Europeia.





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quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Kazantip: sonho e realidade

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Pouco conhecido no ocidente, Kazantip é um dos maiores festivais mondais de musica, que junta durante duas semanas 150 000 pessoas na Crimeia, republica autónoma da Ucrânia.


24 horas por dia, a festa faz-se ao som da música electrónica no meio de muito sol, praia, álcool, droga e sexo. A meio caminho entre as festas de Ibiza e Woodstock, este é o festival mais delirante do planeta.








No país do faz de contas...


A Crimeia sempre foi o local de férias de eleição das elites russas e ucranianas. Com praias e temperaturas de 40º no verão, é neste local que durante 15 dias em agosto, tem lugar anualmente o festival de Kazantip, em 60 000 metro quadrados de praia.


Todo começou em 1992 quando um certo Nikita, presidente da associação de kitesurf, teve a ideia de convidar DJs para animar as competições desportivas. Em 1997 teve a ideia de organizar uma noite de musica techno no interior de uma central nuclear abandonada. Em 2000 deslocou o festival anual para a praia de Popovka, onde ainda se realiza, e chamou a essa zona a Republica laranja e independente KaZantip.



Nikita Marshunok auto proclamou-se presidente desta "república", com o nome de Nikita I, tem um hino que muda todos os anos e até uma constituição. Esta constituição dita os direitos dos seus cidadãos: ser livre, acreditar nos milagres, tornar-se na pessoa que nunca teria ter oportunidade de ser na vida real e sobretudo ser positivo.


Neste mundo irreal podemos-nos cruzar com mulheres bonitas e meio despidas nas areias das praias ou dançando ao som da musica numa das 15 pistas de dança. A média de idade dos participantes é de 25 anos, vindos sobretudo da Rússia e da Ucrânia, mas também (10%) da Europa.








Hedonismo e drogas.


O artigo 15 da constituição de Kazantip "encoraja o amor, em todos os seus aspectos, excepto na promiscuidade", no entanto podemos observar aqui e além casais tendo relações sexuais sem se preocuparem com os passantes.


Este ambiente de conto de fadas, com liberdade e felicidade para todos os participantes é realizado à custa de muito álcool e apesar da organização o desmentir, à custa de numerosas drogas que circulam durante o festival. As relações de Nikita com as máfias locais é pouco clara, assim como com as autoridades locais que fecham os olhos ao tráfico de droga durante o festival.








 Um país onde o milagre é o lucro.


Esta utopia também tem um preço, e um preço elevado: cada ingresso custa 250 euros (quando o salário médio na Ucrânea é de 240 euros) e as bebidas são caras. O seu presidente-ditador, assim como os seus colaboradores tornaram-se milionários, como testemunham os vinte ou trinta yachts ao largo de Kizantip.


O festival atrai cada vez mais o jet-set de Moscovo e de São Petersburgo, mas também a máfia russa que gere o tráfico de droga local e é atraída pela beleza das ucranianas alvo fácil de futura prostituição.


O símbolo, desta república da boa disposição, é uma mala amarela, que os que não têm a quantia de dinheiro necessária para o ingresso no festival podem adquirir por um preço modesto, com a obrigação de a transportarem constantemente consigo, sob pena de exclusão do festival. As malas que vimos por todo o lado são a imagem de marca de Kazantip.


Essa mala tem origem num conto de fadas russo, em que um homem oferece rebuçados às crianças, proveniente de uma mala e assim torna as crianças felizes. A moralidade é que em Kazantip os que conseguem tornar os outros felizes recebem em troca alegria e felicidade.


Infelizmente esta "república" que preconiza a liberdade social, política e religiosa, o desenvolvimento da democracia, da cultura da ordem e da felicidade, só pode ser utópica. Trata-se no fundo de um festival entre a "rave" e a orgia, onde circula muito álcool e droga patrocinada pela máfia local, dirigiodo por um excêntrico e multi milionário que se intitula ele próprio de ditador.








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terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Jogos Olímpicos de Sóchi: censura e corrupção

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Do dia 07 ao dia 23 de fevereiro de 2014, irão realizar-se os próximos Jogos Olímpicos de Inverno na cidade russa de Sóchi.


Tudo nestes Jogos Olímpicos é delirante, desde a escolha do local com um clima sub-tropical até ao colossal investimento, tudo isto envolto num banho de censura e corrupção.








Jogos de inverno numa estância...balnear!


Sóchi é uma estância balneária situada no mar do Norte e beneficia de um clima ameno durante todo o ano, sendo escolhida por milhares de pessoas para férias de praia.


A primeira questão que se coloca é, porque é que foi escolhido um local ao clima sub-tropical, para jogos de inverno, sendo que a neve nas montanhas próximas é inconstante, quando na Rússia, um país com 17 milhões de quilómetros quadrados não são os locais com neve que faltam.


Como as previsões de queda de neve são variáveis e portanto difíceis de prever, os organizadores fizeram um stock de 500 000 metros cúbicos de neve no local. Custo da operação: 6,3 milhões de euros.


A escolha deste improvável local para realizar Jogos Olímpicos de Inverno tem várias razões.
Primeiro, é o local preferido de Putin para passar férias, onde possui uma das suas vivendas.
Segundo, em termos estratégico, esta localização serve para diminuir a influência dos Estados Unidos na Ásia Central e retomar o ascendente rússo na região.
Em terceiro lugar, esta escolha reforça a posição de Moscovo perante os vários grupos independentistas no Cáucaso.


Simultâneamente, a escolha de Sóchi coloca um enorme problema de segurança, justamente por se situar numa região instável do ponto de vista geo-político. Aliás, o chefe islâmico do Cáucaso, Dokou Ouramov, já jurou tudo fazer contra a realização desses Jogos Olímpicos. Assim sendo, estes jogos podem ser uma montra mundial da potência russa, mas também correm o risco de se poderem tornar num problema para Putin se algum atentado vier a acontecer.







Censura dos media em nome da segurança.


A cidade de Sóchi já se encontram desde há vários meses debaixo de vigilância apertada e em nome da segurança é a própria liberdade de expressão que está em causa.


Os jornalistas não são bem-vindos a Sóchi, que o diga um repórter da televisão norueguesa que foi detido 6 vezes no espaço de 72 horas, sob ordem do FSB, para interrogatório, tendo sido inclusivo acusado de consumo de droga e tendo necessitado da intervenção da embaixada da Noruega para sua libertação.


Como "gerir" a imprensa num país que está no lugar 148 em termos de liberdade de imprensa (Repórteres sem Fronteiras) e onde 52 jornalistas foram mortos desde 1992 (Comité para a Protecção dos Jornalistas) ?


Durante o período dos JO de inverno, de 07 a 23 fevereiro 2014, e dos para-olímpicos, de 07 a 16 março 2014, foi pura e simplesmente decretada a proibição de qualquer manifestação perto de Sóchi.


Os espectadores estão proibidos de colocar as suas fotografia e vídeos nas redes sociais ou no Youtube. Os flashes e os tripés estão proibidos a qualquer espectador perto das pistas ou dos pódios.


Para controlar as informações difundidas durante os Jogos Olímpicos, Moscovo dispõe de um sistema de analise semelhante ao programa PRISM americano baptizado SORM. Este poderá analisar qualquer chamada de telemóvel, e-mail, forum ou rede social, em função de palavras chave ou expressões sensíveis.







Um banho de corrupção.


O custo destes Jogos Olímpicos está actualmente bem acima do previsto (10 mil milhões de dólares), situando-se agora em mais de 50 mil milhões de dólares, quinze vezes mais do que os de Vancouver, nunca em JO de inverno como de verão foi gasta uma tal quantia.


Calcula-se que destes 50 mil milhões de dólares, cerca de metade foram parar nos bolsos de homens de negócios amigos de Putin, fundos opacos de empresas controladas por Putin como GazProm ou Transstroi, ou desviados pelas numerosas máfias russas.


Uma grande parte dos 60 000 trabalhadores, muitos deles estrangeiros, vindos da Arménia, Uzbequistão ou Tajiquistão, ganham 1,5 euros à hora, quando não são expulsos pelas máfias que os recrutaram sem receber qualquer salário.


As zonas destinadas à construção das infra-estruturas foram adqueridas à custa de expropriações forçadas, muitas vezes sem qualquer indemnização. Muitas das construções contribuiram para a devastação de ecossistemas protegidos nesta região do Cáucaso.


Três meses antes do início dos Jogos Olímpico de Inverno, Sóchi já ganhou várias medalhas de ouro entre as quais a da censura e da corrupção.





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